Eu sei, eu sei, 3% já é notícia velha. Mas como eu assisti quando estava sem internet em casa, acabei esquecendo de falar minha opinião sobre o seriado aqui no blog - e desde quando eu consigo passar sem dar pitaco sobre alguma coisa, não é mesmo? Visto que todo mundo já deve ter visto ou já está careca de saber sobre o que fala a série, vou fazer a postagem o mais dinâmica e curta possível (mas não prometo, porque se tem uma coisa que eu gosto é de falar muito).
Um breve resumo: em um mundo pós-apocalíptico, o planeta é um lugar devastado. O Continente é uma região miserável do Brasil, onde predomina a violência, a fome e a única esperança de melhoria de vida é o Processo. Todos os jovens, ao completar 21 anos, têm a oportunidade de passar por uma série de provas físicas, morais e psicológicas que vai determinar se eles são os 3% dignos de irem para o Mar Alto - um local próspero e seguro.
Assistir...
Primeiro seriado brasileiro internacional
3% foi produzida pela Netflix e é a primeira série brasileira que foi exibida internacionalmente - por isso é muito importante prestigiar, independente de qualquer falha que tenha sido cometida. Erik Barmack, vice-presidente de séries originais internacionais da Netflix, disse: "Talvez possamos fazer sete ou oito séries no Brasil, e queremos fazer séries para diferentes gostos. Eu aposto que em alguns anos veremos séries brasileiras sendo distribuídas ao redor do mundo, é assim que vai ser".
Críticas sociais
Porque não só de diversão se faz um bom seriado, não é mesmo? 3% traz críticas pesadas sobre como a nossa sociedade funciona: retrata a desigualdade social, o preconceito racial e a distribuição de renda cruel - e olha que nós nem precisamos passar pelo apocalipse pra viver isso.
Personagens humanos
Me agrada muito quando os personagens - seja de filmes, séries ou livros - não são bons ou maus em sua essência. Simplesmente porque isso não é real: nós somos seres humanos, com motivações, sonhos e uma história de vida - e tudo isso influencia em quem você é! Esse aspecto faz com que seja possível que você se identifique e se coloque no lugar dos personagens do seriado, a cada momento você tem que lidar com o questionamento de como você reagiria naquela situação.
Diversidade
Todas as minorias são representadas pelos protagonistas: temos negros, deficientes e mulheres em papéis fortes. E é interessante perceber que naquela realidade, o único motivo para preconceito se tornou a condição social: todos no Continente estavam em uma situação tão terrível, que não faria sentido se diminuírem.
...ou não?
Efeitos especiais são fracos
A produção da Netflix foi maravilhosa e isso é inegável: contanto, senti os efeitos especiais meio deixados de lado. Pra mim, não é um grande problema - mas sei de pessoas que se sentiriam extremamente desconfortáveis.
Diálogos mal-estruturados
Não sei se foi pela minha falta de costume de ver séries com áudio em português (sempre deixo o idioma original e legenda), mas senti os diálogos muito forçados, como se as frases fossem rígidas e não saíssem naturalmente.
A tensão vai ladeira abaixo
Os primeiros episódios definitivamente conquistam o público: as provas são inteligentes e não é possível aguentar a curiosidade de saber o que mais vai rolar, quem vai conseguir continuar no Processo. Mas lá pela metade, o roteiro falha: a tensão cai e não tem forças o suficiente para se reerguer. Creio que a distribuição dos acontecimentos foi mal-pensada, porque os episódios podem facilmente ser divididos em três partes: provas, história e política. Por mais que sejam interessantes e essenciais para o enredo, os últimos episódios ficaram fracos e arrastados - o que, sinceramente, poderia ter sido evitado.
No final das contas, sim, vale a pena dar uma chance para 3%. Assista sem grandes expectativas - foi um dos meus erros - e com a mente aberta para uma obra nacional digna de ser conhecida.
Vocês já viram 3%? O que acharam? Colocariam algum outro fator nessa lista?