Todos nós, em algum momento de nossas vidas, vamos nos deparar com questões para as quais não temos uma resposta certa: qual o sentido de nossa existência? A morte é o fim de tudo? E, se não for, o que há depois dela? Paraíso? Reencarnação? Um vazio...? O ser humano sempre temeu essas indagações, criando as mais diferentes soluções para seus dilema: a religião e a ciência, fé ou leis estabelecidas.
A morte sempre foi um tema que me fascinou, de uma forma ou outra: lembro tanto das conversas infindáveis que eu travava quanto das horas desesperadoras em que eu simplesmente não via sentido na vida se todo nós estávamos morrendo a cada minuto que passava. De fato, a questão da morte me influenciou em muitos aspectos, inclusive na decisão de carreira - como já disse algumas vezes, pretendo seguir para a área de psicologia hospitalar, com foco em cuidados paliativos. E continua me inspirando e me movimentando de maneiras diversas...
Eu gostaria de explicar para vocês o porquê dessas fotos no cemitério - juro que não é algo tão mórbido quanto parece. Mas decidi, antes disso, trazer uma citação do pesquisador Norbert Elias, que eu tenho estudado bastante devido ao meu interesse:
"A morte não é terrível. Passa-se ao sono e o mundo desaparece - se tudo correr bem. Terrível pode ser a dor do moribundos, terrível também a perda sofrida pelos vivos quando morre uma pessoa amada. Não há cura conhecida. Somos parte uns dos outros. Fantasias individuais e coletivas em torno da morte são frequentemente assustadoras. (...) O sofrimento causado por essas fantasias, pelo medo da morte que engendram pode ser tão intenso quanto a dor física de um corpo em deterioração. Aplacar esses terrores, opor-lhes a simples realidade de uma vida finita, é um tarefa que ainda temos pela frente. (...) Talvez devêssemos falar mais abertamente sobre a morte, mesmo que seja deixando de apresentá-la como mistério. A morte não tem segredos. Não abre portas. É o fim de uma pessoa. O que sobrevive é o que ela ou ele deram às outras pessoas, o que permanece nas memórias alheias."
Agora, sobre a forma como eu percebo a morte... Vamos começar do início: somos todos energia. E, seguindo o princípio de Lavoisier (vocês prestaram atenção nessa aula de química?), "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Então, na minha concepção, quando nós morremos nós liberamos toda essa energia que nos compõe para o mundo - para objetos, lugares, pessoas. Assim, a energia que me forma agora é uma amálgama da energia dos que já foram, e quando eu morrer eu vou fazer parte de quem vier também... Entendem? Esse é o motivo pelo qual eu tento ser uma pessoa melhor todos os dias: porque eu quero liberar energias boas e acho que é assim que eu posso contribuir para melhorar o mundo. Quanto às visitas no cemitério: acho simplesmente fascinante o quanto esse lugar comporta memórias de milhares de pessoas. Gosto de passar pelas lápides e imaginar quem aquelas pessoas foram, quem elas amaram e a comida preferida... Sinto quase como se eu estivesse homenageando essas pessoas de alguma forma, unicamente por me interessar em saber o que eles deixaram para nós.
Eu espero, sinceramente, que vocês não fechem essa postagem e saiam correndo desesperados. Estou muito orgulhosa de mim por conseguir compartilhar com vocês algo tão pessoal e tão meu... Além desse ser o primeiro 7 on 7 que de fato tem sete fotos (isso deve significar algo, não é mesmo?).
Me contem nos comentários o que vocês acharam da minha visão sobre a morte e como vocês lidam com essa questão!