"Não sai de casa sem pegar um casaco, vai fazer frio", "tá esquecendo o guarda-chuva de novo", "se eu for aí e achar você vai ver comigo!". Não precisa de muito mais do que isso para que qualquer um saiba perfeitamente bem de que figura estamos falando: como dizem por aí, mãe muda só de nome e endereço. Nesse Dia das Mães, Luciano e eu decidimos trazer uma postagem inspirada nas icônicas frases de mãe ⎼ associando-as, é claro, com o que mais gostamos: livros!
"Você não é todo mundo": um livro que parece que todo mundo leu, menos você
Gislaine: No meu caso, é muito fácil encaixar quase todos os livros que fizeram sucesso estrondoso nessa categoria ⎼ sempre digo que é porque "eu não quero ler as obras com tantas expectativas" mas devo admitir que a verdade é que, por algum motivo, eu acabo perdendo completamente o interesse na leitura. Não sei explicar como isso acontece, mas um dos exemplos é Sete minutos antes da meia-noite: tanto o livro quanto a adaptação viraram febre em todo o booktube (e eu ainda hoje não li, embora tenha visto o filme, haha).
Luciano: Foi meio difícil encontrar um título para encaixar aqui, mas depois de pensar bastante acabei lembrando de A Culpa é das Estrelas. Lembro-me que, quando o filme estreou, tanto ele quanto o livro estouraram pra todo lado mas acabei nem chegando perto pois minha vibe na época girava mais em torno da alta-fantasia. Tive contato apenas com o filme uns bons anos depois, por exigência recomendação da Gi, e acabei adorando. Mas não sei ainda se encaro o livro...
"Na volta eu compro": um livro que você demorou para comprar
Gislaine: Outro caso em que muitas respostas se aplicam. Eu sou muito boa em começar a comprar uma série e nunca finalizar a leitura porque esqueci de comprar os volumes faltantes ⎼ a situação é tão séria que eu precisei me comprometer a, em 2019, comprar APENAS as continuações das minhas séries incompletas (e, como se pode ver na minha wishlist da Amazon, ainda faltam muitos, haha). Porém, escolhi As Brumas de Avalon (a edição volume único) para representar porque foi um livro que eu passei meses namorando nas lojas até encontrar uma promoção incrível que fez com que ele saísse por menos da metade do preço original.
Luciano: O meu representante nessa com certeza é O Planeta dos Macacos. Eu namorei o livro por meses, procurando o preço dele toda vez que passava na Leitura. Curiosamente, a loja específica onde ia com certa frequência contou por muito tempo com apenas (pasmem) dois exemplares disponíveis, ambos com a capa estranhamente avariada ⎼ e eu claramente queria adquirir a edição nova da Aleph, que convenhamos, é linda ⎼, o que me convencia a esperar mais um pouco. Acabei comprando na Amazon, se não me engano numa mega compra que fiz na Black Friday.
"Já falei que não e ponto final": um livro que você não lerá de jeito nenhum
Gislaine: Talvez ainda seja um pouco daquela resistência por conta do sucesso que fizeram, mas tanto a série Divergente quanto A Seleção são obras que serem passam na minha cabeça como razoáveis de ler algum dia em um futuro distante. Sei que muita gente indica, mas NÃO DÁ!
Luciano: Bem lá no início do meu amor por livros, eu seguia uma filosofia de passou na minha frente e tá barato, comprei. Isso acabou me levando a comprar toda a série Crepúsculo numa cartada só, sem nem ter assistido o filme (que tinha acabado de lançar na época) ou sequer conversado com alguém sobre. Li o primeiro livro com certa estranheza, não gostando muito da experiência, mas o segundo foi de doer e acabei não conseguindo prosseguir a leitura. Sendo o primeiro e único livro que abandonei, eu decidi ali que o resto da série estaria em minha lista, para sempre, como livros que não me obrigaria a ler por nada nessa vida!
"Se você cair e chorar, ainda por cima vai apanhar": um livro que você sentia que o final seria decepcionante e leu mesmo assim
Gislaine: Comprei A menina feita de espinhos em uma daquelas bancas de promoções que vendem muitos exemplares por dez reais. O livro me chamou a atenção pela capa e pela sinopse poética, mas assim que virei as primeiras páginas eu soube que o odiaria ⎼ infelizmente, não posso dizer que estava errada. Finalizei a leitura, mesmo assim, e ainda busco um dia em que esteja disposta a explicar um pouco melhor por que tanto me desagradou.
Luciano: Influenciado por um primo meu, e pelo sucesso que já fazia na época, comprei os três primeiros livros d'As Crônicas de Gelo e Fogo e fui direto começando. Apesar de denso demais para mim naquela idade, me apaixonei pelo enredo e fui lendo no meu ritmo, mas com um quase spoiler dado por este mesmo primo, fiquei sabendo que no final alguém importante e amado morria, e eu quase morri de ansiedade e angústia, mas consegui terminar mesmo assim ⎼ e nenhuma das minhas expectativas poderia ter me preparado pra decepção que encontrei...
"Não está sentindo-se bem? Mamãe faz uma sopa": um livro que te dá sensação de aconchego
Gislaine: As Crônicas de Nárnia sempre me deixam com o coração quentinho, porque traz diversas memórias à tona: foi o primeiro calhamaço que li, lá com os meus dez anos, e gostei tanto que meus pais me presentearam com um volume para chamar de meu (depois de ter estourado o limite de renovações na biblioteca da escola para ler de novo e de novo). Além disso, também foi um dos meus primeiros contatos com a fantasia ⎼ que, ainda hoje, é meu gênero literário favorito.
Luciano: Essa foi uma escolha difícil, mas acabei elegendo O Espadachim de Carvão para este título honroso de meu livro mais "aconchegante". Escolhi este livro nacional tão fininho pois, além de ser uma fantasia super divertida e diferenciada, conta com uma linguagem super acessível. O autor, Affonso Solano, decidiu contar a história de uma forma que mistura organicamente o formal com o casual ⎼ e dá pra perceber na fala de cada personagem deste épico tão amável que quem está falando com certeza é brasileiro.
"Você não sai daí enquanto não terminar": um livro que não largou até terminar
Gislaine: A resposta-padrão é A culpa é das estrelas ⎼ já contei inúmeras vezes como comecei a leitura durante a noite e só parei com o dia raiando (e os olhos inchados de tanto chorar). Mas recentemente o mesmo aconteceu com Tarde Demais, primeiro livro que li da Colleen Hoover e que me fez entender porque a autora é tão aclamada: era simplesmente impossível me desconectar da trama para concentrar em qualquer outra coisa.
Luciano: Mais um dos que comprei completamente por impulso na Black Friday, Eu Sou a Lenda me surpreendeu em todos os sentidos. Já havia assistido o filme e já me apaixonava devagar pelos trabalhos gráficos da Editora Aleph, mas nunca esperaria mergulhar tanto num livro. Lia ele a cada segundo que tinha de oportunidade, e lembro-me que terminei em menos de 24 horas. Tudo que fiz nesse dia foi pensar se conseguiria ler enquanto andava na rua ⎼ descobri que, ao contrário da Gi, não sou capaz de algo do tipo.
"Não sai por aí sozinho que o homem do saco te leva embora": um livro que te deu medo
Gislaine: Embora Tarde Demais também encaixe nessa categoria, decidi não repetir e ficar com A escuridão da mente ⎼ o terror psicológico é muito intenso nessa obra, especialmente para quem percebe os absurdos e abusos que foram cometidos contra alguém que precisava desesperadamente de ajuda psicológica.
Luciano: Apesar de não ter finalizado a leitura, creio que o único que se encaixa nessa categoria para mim é Edgar Allan Poe: Medo Clássico, mais precisamente o conto O Poço e o Pêndulo. Não sei explicar exatamente, mas toda aquela tensão chegou a me causar dores musculares. Muito bom, recomendo.
"O que tem para comer, mãe? Comida": um personagem sarcástico que você adora
Gislaine: Tive um pouco de dificuldade de pensar em alguém, devo admitir, mas acabei por chegar em Oberin, de Sem Vida ⎼ não foi um livro que eu amei, mas eu devo admitir que o personagem era sensacional (e me arrancou muitas risadas e suspiros).
Luciano: Essa foi fácil, cheguei rapidamente no Winston, de Origem. É meio clichê que robôs e inteligências artificiais sejam regadas em sarcasmo e cinismo, mas a forma como ele mistura isso com gentileza e prestatividade é tão amável que é impossível não se apaixonar.
"Reza para essa mancha sair do tapete": um livro que você torceu para algo acontecer e não aconteceu
Gislaine: Eu imagino que rezar para que um livro não acabe não se encaixa muito no conceito da pergunta. Nesse caso, eu queria muito um melhor desenvolvimento do debate sobre a medicalização da sociedade em O que há de estranho em mim, primeiro livro que li de Gayle Forman (e que, embora seja uma leitura razoável, deixou a desejar). Comprei o livro pensando ter essa proposta e acabei me frustrando com um enredo bem superficial do que poderia conscientizar e trazer à tona questões relevantes sobre como lidamos atualmente com tudo aquilo que classificamos como "fora do padrão".
Luciano: Mais uma obra de Dan Brown aparecendo por aqui, dessa vez com o título Inferno. Quem leu o livro sabe a forma como o autor quebra todas as expectativas diversas vezes ⎼ não apenas nesse livro em específico, eu diria que o senhor Brown adora o famoso plot twist, assim como o utiliza com maestria ⎼, e o final do livro foi a maior quebra de expectativa que eu poderia imaginar. Claramente, não é algo que eu vá elaborar com maiores detalhes por aqui.
"Passou um furação nesse quarto?": como você organiza a sua estante?
Gislaine: durante a minha vida de leitora, passei por diversas organizações diferentes da minha estante até chegar na configuração atual que me agrada bastante. Uma peculiaridade é que eu gosto que todas as lombadas estejam viradas para trás, assim apenas o corpo do livro aparece ⎼ o motivo para isso é que eu sou ligeiramente perfeccionista (e muito ansiosa) e a bagunça de cores me incomodava profundamente. Além disso, coloco todos os livros em ordem alfabética de autor, separando nichos especiais para as edições mais bonitas ou especiais por algum outro motivo.
Luciano: Eu sempre fui mais bagunceiro, mas gostava de separar tudo por séries, autores e gênero. Atualmente conto com uma estante tão pequena que não tenho muito o luxo de organizar desta forma, então acabo simplesmente escolhendo os destaques, que são os mais amados e os mais lindos exemplares da coleção e os outros tadinhos acabam ficando misturados mesmo.
"Algum dia você vai me agradecer": livro que você leu por indicação e gostou
Gislaine: Bom, eu costumo ser a pessoa que indica livros e não tanto a que recebe indicações. Mas acho que, talvez, eu não tivesse lido a série Perdida, da Carina Rissi, não fosse a repercussão positiva que teve entre os blogueiros literários.
Luciano: Entre 2013 e 2018 entrei num grande hiato de leitura, e devo ter conseguido ler no máximo uns dois livros nesse intervalo. Quem me pescou de volta desse abismo foi a Gi, quando me recomendou Os Sete. Num único movimento, ela me fez três grandes favores: me tirou do meu hiato de leitura, acabou com meu preconceito por vampiros (criado por Crepúsculo e outras obras inspiradas) e me apresentou as maravilhas da literatura nacional, a qual eu hoje aclamo aos quatro ventos.
"Mamãe te ama mais que tudo": seu livro preferido
Gislaine: A resposta para esta pergunta está sempre na ponta da língua ⎼ A Menina Submersa. Dessa vez, porém, me vejo obrigada a mudar um pouco as coisas... Eu finalmente terminei de ler a trilogia Mundo de Tinta e seria mentira se eu dissesse que não tomou o lugar do meu queridinho da DarkSide (desculpa, Imp!).
Luciano: Essa foi a mais difícil de todas, pois sinto que gosto tanto dos livros que leio que troco de favorito quase que a cada leitura, mas creio que o melhor seria aquele que não sai da minha cabeça, então escolho A Trilogia da Fundação. Apesar de não ter terminado de ler ⎼ o que ainda me envergonha muito por sinal ⎼, eu nutro um amor imenso pela obra. Comecei a ler numa edição da década de 70 lá pras bandas de 2016, mas acabei pausando a leitura por falta de tempo (e porque o exemplar começou a se desmanchar em minhas mãos). Recentemente, comprei a mais nova edição volume único e incrivelmente maravilhoso e de luxo e deitado no glitter publicada pela queridinha Aleph. Já é seguramente minha próxima leitura!
Gostaríamos de dedicar essa postagem, que muito nos divertiu e que esperamos que tenha divertido vocês também, às nossas mães: àdonasenhorita Elaine, que manda passarinho calar a boca mas é um amor de pessoa, e à dona Mara, que compensa o fato de não poder comer mais de 200 gramas por vez nos engordando com suas delícias.
Ufa! Ainda estão por aí? O que acharam das nossas respostas? Conta pra gente quais seriam as suas!
VOA, LIBELINHA
VOA! 🙘