Hoje, dia 8 de março, é comemorado o Dia Internacional da Mulher. O dia em que todos amam suas mães, suas irmãs e suas colegas de trabalho, o dia em que demonstram o imenso respeito que sentem dando de presente uma rosa (muito provavelmente na forma de cartão digital). O dia antes do dia seguinte, em que as mulheres novamente serão oprimidas e subjugadas pelo sistema patriarcal. É, queridas, não vai ser hoje que as coisas vão mudar. Ainda andaremos pelas ruas à noite com o coração em uma mão e as chaves na outra. Ainda teremos nosso trabalho desvalorizado em campanhas que, supostamente, advogam pela nossa valorização — eu não gosto de ignorância não, viu, Hershey's. Mas sigamos, mulheres, na esperança e na luta. Porque nós somos muito, muito maiores do que isso.
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Palavras também podem mudar o mundo. Foto por MILKOVÍ em Unsplash. |
Decidi compartilhar com vocês um pouco da vida e obra de algumas escritoras fodas pra car*lho que, com suas palavras, mudaram o mundo (ou, pelo menos, o meu). Como leitora voraz, blogueira literária e aspirante a escritora não vejo forma melhor de homenagear o potencial infinito do universo feminino.
Cornelia Funke nasceu em uma cidade alemã chamada Dorsten em 10 de dezembro de 1958 — ela é de sagitário, como eu, e se querem saber a minha opinião, isso explica bem a fantasia fantástica que permeia todas as suas obras. Quando criança, tinha o sonho de se tornar astronauta ou piloto de avião, (o que não é nenhuma surpresa se você acredita em signos), porém acabou por estudar Pedagogia na Universidade de Hamburgo — por alguns anos depois de se formar, Cornelia Funke atuou como assistente social com crianças carentes. Ela recebia algum dinheiro ilustrando livros infantis mas, inspirada pelo seu trabalho com as crianças, decidiu escrever suas próprias histórias: atualmente, Cornelia Funke é considerada como a J. K. Rowling alemã (só que sem os vacilos no Twitter, risos). A autora alemã nunca deixou para trás sua vontade de fazer o bem para outros e participa de diversos projetos de cunho social, principalmente voltados para infância e sustentabilidade.
Quando eu tinha por volta de doze anos, ganhei o livro Coração de Tinta. Lembro ainda hoje que ele veio com uma jacket da capa do filme que eu joguei fora sem dó nem piedade porque a capa original era bonita demais para ficar escondida. O livro me conquistou de tal forma que eu perdi a conta de quantas vezes o li antes de descobrir que era apenas o primeiro volume de uma trilogia. A leitura do segundo foi tão dolorosa que só tive coragem de ler o último no ano passado (!) e foi, sem sombra de dúvida, uma das experiências literárias mais emocionantes que já tive: um misto de alegria e tristeza inenarráveis. Pouco depois, encontrei em um sebo outro livro da autora, O Senhor dos Ladrões, cuja leitura só fez reafirmar o lugar de Cornelia Funke como uma das minhas escritoras favoritas.
Caitlín R. Kiernan nasceu em Dublin, na Irlanda, mas se mudou para a Inglaterra quando ainda criança. A título de curiosidade, ela é geminiana: 26 de maio de 1964. Seus primeiros interesses foram herpetologia (o estudo de anfíbios e répteis), a paleontologia e a escrita de ficção. Antes de decidir se dedicar à literatura, Caitlin estudou geologia e paleontologia de vertebrados na Universidade do Alabama e na Universidade do Colorado. Seus trabalhos literários são mascados por uma fantasia sombria e inclui: dez livros, muitos quadrinhos e mais de DUZENTOS E CINQUENTA contos publicados — ufa! Isso sem contar artigos acadêmicos na área de paleontologia. A autora é uma mulher transexual lésbica, o que é digno de nota pela representatividade LGBTQIA+ que é sempre importante de tratar.
Embora tenha lido apenas A Menina Submersa, não pude imaginar essa lista sem Caitlin R. Kiernan. O motivo? Por anos a fio, a história de Imp foi uma de minhas favoritas justamente por tratar de forma tão sensível e literalmente louca os deslizes na realidade de um sujeito esquizofrênico. E não foi apenas o interesse no teor psicológico da obra que me fascinou, mas também toda a metáfora que sutilmente costurada a cada parágrafo: a libélula sendo a transformação, a sereia sendo o irresistível místico, o lobo sendo a selvageria que contemos dentro de cada uma de nós... É belo e poderoso. Recentemente, a DarkSide Books publicou outro livro da autora no Brasil — O Mundo Invisível Entre Nós — que é, atualmente, um dos meus maiores desejos de consumo!
O que dizer de uma canceriana que mal conheço e já considero pacas? A princípio, creio que é bom dizer que por algum motivo desconhecido ela assina livros de fantasia voltados para o público jovem adulto de uma forma e os direcionados ao público infanto-juvenil de outra. Cada um com suas manias, não é mesmo? Enfim, V. E. Schwab ou Victoria Schwab nasceu em 7 de julho de 1987. Onde? Bem, não sei. Por algum motivo, tem pouquíssima informação sobre a autora como pessoa pela internet afora. O que é um pouco triste, porque vê se não dá vontade de ser amiguinha dela para tomar um chá?
Adquiri vários livros assinados por essa moça dos cabelos de fogo, embora tenha lido de fato apenas Um Tom Mais Escuro de Magia (e só quem não tem nenhuma leitura pendente pode me julgar). O fato é que, assim como aconteceu com Caitlin R. Kiernan e sua menina submersa, a narrativa me cativou de uma forma tão intensa que não precisou de muitas tentativas antes que ela fosse acolhida entre aquelas escritoras que eu leria até mesmo a lista de compras.
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"Essa é a diferença entre fantasia e realidade: a vida te frustra a todo instante enquanto a fantasia te entorpece com suaves doses de falsas esperanças." (Quando a noite cai, Verus Editora, 2017) |
Não achei a data de nascimento da Carina Rissi, então vou ficar devendo o signo do zodíaco dessa vez. Não me olhem assim, eu também fiquei decepcionada. Natural de Ariranha, em São Paulo, acredito que essa moça simpática dispensa apresentações de uma mera mortal como eu, então vou deixar que ela mesma o faça: "uma leitora voraz, sempre lê a última página de um livro antes de comprá-lo e tem um fascínio inexplicável pelo tema 'amores impossíveis'".
Eu sei que talvez soe estranho uma autora que escreve majoritariamente romances constar na minha lista, sendo eu a pessoa que jura de pé juntinho que não gosta tanto assim desse tipo de leitura. Pois é: essa mulher maravilhosa escreve tão bem que fez com que eu DEVORASSE todos os livros da série Perdida, sem contar Mentira Perfeita e Quando a noite cai. Ô época que eu paguei língua, viu? Minha nossa.
Ayobami Adebayo é uma das inclusões mais recentes na minha lista de autoras favoritas. Nascida em Lagos, capital da Nigéria, no dia 29 de janeiro de 1988 (aquariana, a quem interessar possa), a autora é formada em literatura anglófona na Universidade Obafemi Awolowo. Já no finalzinho da faculdade, Ayobami participou de um workshop ministrado por ninguém mais ninguém menos do que a astronomicamente aclamada Chimamanda Ngozi Adichie. E ela não parou por aí: um pouco mais tarde, a nigeriana fez mestrado em Escrita Criativa na Universidade de East Anglia, no Reino Unido, onde teve aulas com a própria Margaret Atwood — não é supresa nenhuma que desse currículo impressionante surgisse uma narrativa das mais poderosas já em seu livro de estréia, Fique Comigo.
Sabe aqueles livros que ficam por muito tempo encalhados na estante porque parecem tratar de uma temática que não te interessa tanto assim? Foi assim o essa obra. Sempre achei que se tratava de um romance — esse foi o momento em que minha "mania literária" de não ler sinopses me passou uma rasteira. Decidi ler como o desafio de uma maratona e, juro, eu li esse livro em seis horas. Tudo bem que não é uma obra lá muito extensa (pouco mais de 250 páginas), mas não teve tempo nem para respirar quando percebi que já tinha chegado ao fim. Agora só posso aguardar ansiosamente para os próximos lançamentos de Adebayo.
Gostaria de falar ainda de muitas outras autoras nessa postagem, mas como o tempo e a paciência de vocês é limitado, vou deixar por aqui como menções honrosas: Clare Vanderpool, autora de Em Algum Lugar nas Estrelas; Claire North, de As primeiras quinze vidas de Harry August; Suzanne Collins, autora da trilogia Jogos Vorazes; Chloe Benjamin, de Os Imortalistas; além das já amplamente admiradas Marion Zimmer Bradley, de As Brumas de Avalon, e J. K. Rowling, de Harry Potter (apesar dos vacilos no Twitter, não é, senhora).
Ufa! Ainda estão por aí? Quais escritoras vocês acham fodas pra car*lho? Conhecem e admiram alguma das que apareceram na minha lista? Me contem nos comentários!
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