O distanciamento social está me deixando nostálgica. Dia desses lembrei que, quando criança, um dos meus maiores desejos era usar óculos. Determinada que sou, vez ou outra eu reclamava da minha visão até que meus pais decidissem me levar a um oftalmologista. Digamos que, como consequência, eu tinha uma verdadeira coleção de colírios que vieram como brinde da consulta mas nenhuma mísera receita. Hoje em dia, acho engraçado pensar em quão ansiosa eu estava para ser uma nerd digna das referências que eu tinha tanto na literatura quanto em obras audiovisuais: socialmente inapta, cabelos e olhos castanhos e, ah, o famoso óculos fundo de garrafa! É claro que, depois de muitas tentativas frustradas, eu acabei desistindo – para não dizer que a estratégia deixou de funcionar com os meus pais.
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Foto: Bud Helisson |
Alguns anos depois, em meados de 2018, comecei a suspeitar que o horizonte não estava embaçado por conta de fumaça. Não vou mentir, foi um dia feliz – tenho certeza que meu eu criança se orgulharia de me ver sentada na cadeira do senhor simpático que me atendeu, recitando "não consigo ler nada" do jeitinho que o Pica-pau me ensinou. Dessa vez funcionou: saí do consultório, saltitante, com uma receita para meio grau de miopia em cada olho. Eu sei, eu sei, quase irrelevante... mas o suficiente para eu sentir que via o mundo em 4K quando experimentei o meu primeiro óculos.
Por sinal, isso é algo que ninguém te conta: escolher um óculos é MUITO mais difícil do que você imagina. Até hoje não tenho coragem de mostrar a cara nas óticas que visitei, porque tenho medo de ser reconhecida e enxotada imediatamente. Veja bem, eu sou uma pessoa perfeccionista. Não estou brincando quando digo que passei horas a fio experimentando cada modelo possível de armação antes de conseguir decidir por um – que eu passei a odiar menos de um mês depois. A lua de mel foi ótima, perdi a conta de quantas vezes tomei banho ou dormi sem que ele saísse de perto de mim, mas quando a emoção inicial passou eu percebi quão chato era ter que desviar da lente para algo tão simples e mundano quanto coçar o olho. Não deu pra mim: eu preferi o horizonte embaçado a uma visão detalhada de minhas digitais. O problema não era com ele... era comigo.
Meses depois comecei a ter dores de cabeça terríveis durante as aulas – pelo visto, um efeito comum de forçar a vista para enxergar o quadro branco. Decidi abrir o meu coração para uma nova experiência e, depois de confirmar que o grau continuava o mesmo, parti para uma nova jornada em busca da armação perfeita. Como estava para lá da metade do curso de psicologia, com estágios clínicos batendo à porta, pensei que um visual mais profissional cairia bem. Uma pena que, de tão leve, o que caiu bastante foi o óculos – da minha cara, no caso. Ainda uso, mas todo dia é um dia em que ele corre sério risco de vida.
É aquilo que sempre dizem: cuidado com o que deseja. Porque agora, independente da minha dificuldade de adaptação, eu sei que preciso trocar de óculos de novo (tem um tempo que 4K virou 720p, risos de nervoso). Há um tempo quero me arriscar com armação de óculos redondo, porque sempre achei extremamente estiloso e cheio de personalidade, mas fico receosa de não combinar comigo – perdi a conta de quantos sites insistem em dizer que, para o meu rosto redondo, só óculos quadrado funcionaria. De qualquer forma, ciente de possíveis ilusões e amores perdidos, decidi pesquisar antes de fazer uma escolha.
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